Pular para o conteúdo principal

Isomorfia entre a linguagem e a realidade em L.Wittgenstein.


Um dos aspectos fundamentais do Tractatus Logico-Philosophicus (TLP) de L. Wittgenstein (L.W) é a concepção pictórica da proposição. Para o filósofo, nossos pensamentos são expressos em forma de linguagem. A linguagem se expressa por meio de proposições. As proposições têm por função expressar os fatos por nós percebidos. Em outros termos, são nossas representações ou figuras lógicas dos fatos. A proposição é a imagem da realidade, a pintura dos fatos. Não só dos fatos atuais, mas de todos os fatos possíveis. Os fatos, no espaço lógico, são a totalidade do próprio mundo. Dessa forma, para L.W., o mundo só pode ser conhecido por meio da análise da linguagem.
Assim, se toda a figura é uma representação da realidade, ela pode ser comparada com a realidade material de modo que possamos atribuir-lhe um valor de verdade ou falsidade. Tudo o que pode ser expresso por meio de uma proposição corresponde ao fato, aquilo que existe e está no domínio da realidade. No pensamento de L.W, do TLP, podemos concluir que não existem pensamentos que sejam verdades a priori. Mas, qual a relação entre a figura e o fato o qual podemos chamar também de afigurado? Para L.W., não é possível saber se uma proposição é verdadeira ou falsa sem verificar se ela corresponde à estrutura do mundo. Para que uma proposição seja verdadeira é necessário que haja uma perfeita correspondência entre pensamento, linguagem e as coisas do mundo. Em outras palavras, deve haver uma identidade entre figura e afigurado, uma conexão lógica entre as palavras da proposição e as coisas do mundo, da realidade. Desta maneira, a linguagem em forma de proposição somente corresponderá à realidade se ambas compartilharem da mesma forma lógica. A identidade de forma lógica é, portanto, elemento necessário ao processo de afiguração, no pensamento de L.W.
Referência bibliográfica:
CATANEO, Maciel Evangelista; FATTURI, Arturo. Linguagem e Problemas Filosóficos: livro didático. Palhoça: UnisulVirtural, 2015.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Perspectivas Pedagógicas: Essencialismo, Naturalismo e Crítica histórico-social

Educação, de forma genérica, pode ser entendida como o ato de transmitir às novas gerações um determinado conjunto de valores e conhecimentos. Essa atividade educativa assume, em cada época e lugar, formas distintas. Podemos falar, assim, em diferentes pedagogias. Para compreendê-las há que se interpretá-las no seu contexto histórico e à luz dos valores e ideias que as fundamentam. Dessa maneira, na antiguidade, a pedagogia conhecida e utilizada pelos povos hindus, persas, chineses e egípcios era tradicionalista e consistia na transmissão de uma doutrina sagrada, cujo objetivo era orientar o jovem na busca da felicidade e da virtude. Na Grécia antiga, a educação como transmissão da cultura, da história e da religião era baseada na perspectiva mítica, sendo difundida através dos poemas de Homero (A Odisseia e A Ilíada). A passagem do mito à razão, através da reflexão filosófica, deu-se com os pensadores pré-socráticos e levou ao surgimento da primeira instituição de ensino com caracter...

O Jardineiro Fiel: uma breve análise do filme à luz do imperativo categórico de Kant.

A primeira cena do filme mostra o assassinato brutal, ocorrido no interior do Quênia, de Tessa, uma ativista política casada com Justin, um diplomata inglês de segundo escalão e jardineiro por hobby. Inconformado com a morte da mulher e com a inércia das autoridades locais e de seu próprio consulado, Justin passa a investigar as circunstâncias em que ocorreu o assassinato. A ativista suspeitava de uma trama macabra envolvendo uma indústria farmacêutica europeia, além de autoridades do Quênia e do próprio governo inglês. Justin, a partir de arquivos de computador e documentos encontrados entre os objetos deixados por Tessa, descobre que quenianos miseráveis estavam, sem seu conhecimento e consentimento, sendo usados como cobaias em experimentos com um novo fármaco. Muitas dessas pobres pessoas morriam após ingerirem o medicamento. As autoridades locais e a empresa dificultavam o acesso ao local e aos parentes das vítimas. A empresa privada e os governos envolvidos tinham interesse no d...

Diferenças entre o pensamento mítico e o filosófico

O pensamento mítico é uma forma de explicação e compreensão da realidade. Toda a sociedade, desde as mais primitivas, possuem seus mitos, que são narrativas, passadas de geração para geração, contendo elementos que podem ser utilizados na explicação de fenômenos naturais ou na prescrição de condutas morais. Os mitos podem ser apresentados como elaborados por ancestrais antigos, indivíduos extraordinários ou por seres ou poderes sobrenaturais. Os mitos possuem as seguintes características: - são fantasias, alegorias explicativas da realidade. Representações simbólicas e não exatas da realidade. - são maleáveis. Sua narrativa não é fixa, podendo variar de acordo com os objetivos de quem faz a narrativa. Como passam de geração para geração, vão sendo alterados com o tempo. - o mito utiliza elementos sobrenaturais para a explicação dos fenômenos naturais. Quando não há possibilidade de explicação racional para um evento, o mito como explicação sobrenatural é uma forma de amenizar ...